abril 25, 2009

A revolução dos sessentões

Velhice não é doença. Hoje, as pessoas da terceira idade namoram, transam, viajam, fazem de tudo. O mercado lhes oferece programas de condicionamento físico, beleza, lazer. Seguindo os padrões do Primeiro Mundo, nossa população envelhece. A cada dia, nossos sessentões são mais ativos


POR FABÍOLA MUSARRA E MAÍRA LIE CHAO

Monkey Business Images/Shutterstock

Você ainda é daqueles que acreditam que quando chegar aos 60 anos vai sair de cena, pendurar a chuteira, terminar os dias sozinho, doente, abandonado num asilo, sem dinheiro e sem perspectivas de dias melhores? Está enganado. Esse tipo de pensamento está mudando. Encarar a velhice como um mal é o mesmo que achar que a criança é um doente. Hoje, as pessoas da terceira (ou da melhor) idade namoram, transam, viajam, passeiam, estudam e trabalham. Fazendo exercícios físicos, tendo boa nutrição e bom relacionamento pessoal, elas têm grande potencial para ser muito ativas socialmente. Assim, o grande objetivo da geriatria e da gerontologia modernas é evitar que o idoso seja excluído da sociedade - por meio da prevenção de doenças -, ou reincluílo nela a partir de adaptações em sua condição de vida. Wilson Jacob Filho, professor titular da disciplina de geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirma que o idoso deve realizar uma atividade que lhe seja prazerosa, mas com moderação.

William Casey/Shutterstock

As mulheres da Associação de Voluntárias do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, são prova de uma terceira idade ativa e benéfica. Vestidas de cor-de-rosa, com energia e carinho de sobra, elas costuram, fazem artesanato, dão aulas e visitam os pacientes do HC. "Fazemos algo que a família do paciente não pode fazer: conversamos com ele, levamos revistas, verificamos se precisa de algum material de higiene", conta Maria Belkiss, 66 anos, presidente da entidade. As voluntárias se dizem gratificadas com o trabalho, pois o carinho é retribuído. Maria Rosa Stavale, 58 anos, sente que, mais do que ajudar os pacientes, está se ajudando espiritualmente. Sua mãe, Maria de Lourdes, 82 anos, que agora só fica na sede devido a suas "pernas fraquinhas", lembra que muitos pacientes, familiares e enfermeiras vêm até hoje visitá-la. A troca de afeto e o bom relacionamento fortalecem essas mulheres no quesito envelhecimento.

Hanna Monika/Shutterstock

Com esse tipo de atitude, não é de se espantar que atualmente as pessoas com mais de 60 anos representem 10,5% da população, segundo informações colhidas em 2007 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais do que números, o envelhecimento da população vem modificando o perfil da sociedade, os hábitos de consumo e do mercado e, num futuro nem tão distante assim, certamente provocará transformações radicais nas políticas públicas da saúde e da previdência social.



FONTE: Revista Planeta

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