agosto 30, 2010

Cuidar da saúde na idade adulta, 35 anos de idade

Já está claro na cabeça da maioria das pessoas que a criança tem de tomar todas as vacinas necessárias nos primeiros meses e anos de vida e que os idosos precisam fazer determinados exames periodicamente. Porém, na fase adulta, (a partir de 35 anos de idade) sempre fica a dúvida: quais procedimentos são necessários para quem não tem qualquer histórico de doenças crônicas na família? Devemos procurar um médico apenas quando estamos doentes ou existem rotinas anuais que devem ser seguidas?

O clínico-geral do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Niasi Ramos Filho, afirma que o ideal é procurar um especialista em clínica médica antes de consultar com profissionais de áreas específicas. “Ele não é generalista e é capacitado para ver o paciente por inteiro e pedir os exames necessários. É uma espécie de ‘Dr. House’[médico da série americana criada por David Shore]”.

Porém, antes de fazer uma montoeira de exames, o melhor, diz o médico, é pedir investigação quando existe algum indício de problema. “Se a pessoa tem febre sem nenhum outro sintoma por uma semana, é ideal fazer um exame de sangue. Mas fazer apenas por fazer, na maioria das vezes, é desnecessário”. Confira os procedimentos e atitudes sem “neuras” que beneficiam a saúde e previnem doenças:

Coração - Os cuidados com o coração, segundo o cardiologista Costantino Costantini, devem começar na infância. “Tem que levar o filho para fazer esporte, ensinar que não pode tomar tanto refrigerante. Os reflexos vêm depois. Cada vez mais recebemos pessoas na faixa dos 35 anos, fase mais produtiva da vida, que têm doenças que geralmente são de idosos”.

Se existe histórico familiar, a investigação cardiológica deve começar cedo, antes dos 20 anos. Segundo o cardiologista Walmor Lemke, cada médico define os exames necessários. Pessoas sem fator de risco podem procurar o cardiologista só depois dos 40 anos. “Não existe um padrão, cada caso é investigado de uma forma”. Além das dosagens de colesterol (que deve ser o mais baixo possível), eletrocardiograma e ecocardiografia são recorrentes.

Costantini salienta que o tabagismo deve ser combatido e deve-se beber apenas socialmente. “E socialmente é uma taça de vinho, não uma garrafa”. O cardiologista recomenda também, além do esporte e da boa alimentação, dormir o tempo necessário e, se possível, tirar um cochilo de 40 minutos depois do almoço. “Quem dorme esse tempo parece que acordou de novo e leva o dia muito melhor. No mais, divirta-se bastante”.

Vacinas - Quem não tomou vacinas contra catapora, hepatites A e B e a tríplice viral (que combate o sarampo, a caxumba e a rubéola) deve fazer isso na fase adulta. “Quem já teve algumas das três doenças da tríplice viral não tem necessidade de se vacinar, a própria doença já imuniza”, diz a coordenadora da clínica Cevacine, Isabel Mioto. Ela lembra que a dose para tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) e contra a febre amarela devem ser reforçadas a cada 10 anos. Outra vacina que deve ser realizada na idade adulta, caso não tenho sido feita na infância, é para meningite bacteriana. “O número de adultos não vacinados é bastante alto. Com o clima frio de Curitiba, é recomendável”, diz a coordenadora. Para mulheres, a vacina de HPV quadrivalente ajuda na prevenção de cânceres como o de colo do útero, vagina, vulva e verrugas genitais.

Exames - A partir dos 30 anos, os exames que devem ser feitos periodicamente são hemograma, dosagem da glicose, creatinina, colesterol, triglicerídeos e ácido úrico. Porém, se a pessoa tem histórico familiar de doenças do coração, diabete e colesterol alto deve fazer a investigação com o acompanhamento de um médico, que avalia quais são os exames necessários. “Dificilmente existem pacientes com colesterol alto antes dos 30 anos, por isso é a idade ideal para começar a investigação”, afirma o clínico-geral e gastroenterologista Paulo Roberto Sbaraini.

Segundo o médico, a mulher deve fazer exame ginecológico anualmente assim que inicia a vida sexual e o homem deve realizar exame de próstata após os 45 anos – seja o de toque retal, ecografia ou medição dos níveis de PSA (antígeno prostático). Depois dos 45 anos, homens e mulheres necessitam fazer densitometria óssea, já que têm mais chances de ter osteoporose. Acima dos 50 anos, devem fazer colonoscopia, para prevenção do câncer de cólon. “Se não tiver nenhuma lesão, é ideal repetir depois de dois anos”, explica Sbaraini. Fumantes, mesmo jovens, precisam fazer raio-X do tórax. “Tudo é avaliado caso a caso, não há regra específica para todos os pacientes”, diz o médico.

Alimentação - A regra é simples, mas difícil de seguir. Para prevenir o aparecimento de doenças é preciso ter uma alimentação rica em frutas, verduras e grãos integrais e pobre em carne vermelha, gorduras trans e saturadas, alimentos industrializados e com farinha branca. “Doenças crônicas como diabete, obesidade, hipertensão e câncer são as principais causas de morte, já pode ser considerado um problema de saúde pública”, diz a nutricionista Gabriela Pimentel.

A porção ideal por dia de frutas e verduras é de três cada, carnes vermelhas devem ser consumidas somente duas vezes na semana e o sal deve ser diminuído. “Processe no liquidificador sal e ervas desidratadas, a quantidade é bastante reduzida e o sabor é maior”, ensina Gabriela. Procure comer a cada três horas e faça lanches entre as refeições (com alimentos como castanhas, frutas secas, barrinhas de cereal e de frutas). Vale lembrar ainda que a prática de exercícios físicos, pelo menos três vezes por semana, também é fundamental. “Tem de ser um exercício prazeroso e que a pessoa goste de fazer”, salienta o médico Paulo Roberto Sbaraini.


Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

Cuidar da saúde na idade adulta, 35 anos de idade

Já está claro na cabeça da maioria das pessoas que a criança tem de tomar todas as vacinas necessárias nos primeiros meses e anos de vida e que os idosos precisam fazer determinados exames periodicamente. Porém, na fase adulta, (a partir de 35 anos de idade) sempre fica a dúvida: quais procedimentos são necessários para quem não tem qualquer histórico de doenças crônicas na família? Devemos procurar um médico apenas quando estamos doentes ou existem rotinas anuais que devem ser seguidas?

O clínico-geral do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Niasi Ramos Filho, afirma que o ideal é procurar um especialista em clínica médica antes de consultar com profissionais de áreas específicas. “Ele não é generalista e é capacitado para ver o paciente por inteiro e pedir os exames necessários. É uma espécie de ‘Dr. House’[médico da série americana criada por David Shore]”.

Porém, antes de fazer uma montoeira de exames, o melhor, diz o médico, é pedir investigação quando existe algum indício de problema. “Se a pessoa tem febre sem nenhum outro sintoma por uma semana, é ideal fazer um exame de sangue. Mas fazer apenas por fazer, na maioria das vezes, é desnecessário”. Confira os procedimentos e atitudes sem “neuras” que beneficiam a saúde e previnem doenças:

Coração - Os cuidados com o coração, segundo o cardiologista Costantino Costantini, devem começar na infância. “Tem que levar o filho para fazer esporte, ensinar que não pode tomar tanto refrigerante. Os reflexos vêm depois. Cada vez mais recebemos pessoas na faixa dos 35 anos, fase mais produtiva da vida, que têm doenças que geralmente são de idosos”.

Se existe histórico familiar, a investigação cardiológica deve começar cedo, antes dos 20 anos. Segundo o cardiologista Walmor Lemke, cada médico define os exames necessários. Pessoas sem fator de risco podem procurar o cardiologista só depois dos 40 anos. “Não existe um padrão, cada caso é investigado de uma forma”. Além das dosagens de colesterol (que deve ser o mais baixo possível), eletrocardiograma e ecocardiografia são recorrentes.

Costantini salienta que o tabagismo deve ser combatido e deve-se beber apenas socialmente. “E socialmente é uma taça de vinho, não uma garrafa”. O cardiologista recomenda também, além do esporte e da boa alimentação, dormir o tempo necessário e, se possível, tirar um cochilo de 40 minutos depois do almoço. “Quem dorme esse tempo parece que acordou de novo e leva o dia muito melhor. No mais, divirta-se bastante”.

Vacinas - Quem não tomou vacinas contra catapora, hepatites A e B e a tríplice viral (que combate o sarampo, a caxumba e a rubéola) deve fazer isso na fase adulta. “Quem já teve algumas das três doenças da tríplice viral não tem necessidade de se vacinar, a própria doença já imuniza”, diz a coordenadora da clínica Cevacine, Isabel Mioto. Ela lembra que a dose para tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) e contra a febre amarela devem ser reforçadas a cada 10 anos. Outra vacina que deve ser realizada na idade adulta, caso não tenho sido feita na infância, é para meningite bacteriana. “O número de adultos não vacinados é bastante alto. Com o clima frio de Curitiba, é recomendável”, diz a coordenadora. Para mulheres, a vacina de HPV quadrivalente ajuda na prevenção de cânceres como o de colo do útero, vagina, vulva e verrugas genitais.

Exames - A partir dos 30 anos, os exames que devem ser feitos periodicamente são hemograma, dosagem da glicose, creatinina, colesterol, triglicerídeos e ácido úrico. Porém, se a pessoa tem histórico familiar de doenças do coração, diabete e colesterol alto deve fazer a investigação com o acompanhamento de um médico, que avalia quais são os exames necessários. “Dificilmente existem pacientes com colesterol alto antes dos 30 anos, por isso é a idade ideal para começar a investigação”, afirma o clínico-geral e gastroenterologista Paulo Roberto Sbaraini.

Segundo o médico, a mulher deve fazer exame ginecológico anualmente assim que inicia a vida sexual e o homem deve realizar exame de próstata após os 45 anos – seja o de toque retal, ecografia ou medição dos níveis de PSA (antígeno prostático). Depois dos 45 anos, homens e mulheres necessitam fazer densitometria óssea, já que têm mais chances de ter osteoporose. Acima dos 50 anos, devem fazer colonoscopia, para prevenção do câncer de cólon. “Se não tiver nenhuma lesão, é ideal repetir depois de dois anos”, explica Sbaraini. Fumantes, mesmo jovens, precisam fazer raio-X do tórax. “Tudo é avaliado caso a caso, não há regra específica para todos os pacientes”, diz o médico.

Alimentação - A regra é simples, mas difícil de seguir. Para prevenir o aparecimento de doenças é preciso ter uma alimentação rica em frutas, verduras e grãos integrais e pobre em carne vermelha, gorduras trans e saturadas, alimentos industrializados e com farinha branca. “Doenças crônicas como diabete, obesidade, hipertensão e câncer são as principais causas de morte, já pode ser considerado um problema de saúde pública”, diz a nutricionista Gabriela Pimentel.

A porção ideal por dia de frutas e verduras é de três cada, carnes vermelhas devem ser consumidas somente duas vezes na semana e o sal deve ser diminuído. “Processe no liquidificador sal e ervas desidratadas, a quantidade é bastante reduzida e o sabor é maior”, ensina Gabriela. Procure comer a cada três horas e faça lanches entre as refeições (com alimentos como castanhas, frutas secas, barrinhas de cereal e de frutas). Vale lembrar ainda que a prática de exercícios físicos, pelo menos três vezes por semana, também é fundamental. “Tem de ser um exercício prazeroso e que a pessoa goste de fazer”, salienta o médico Paulo Roberto Sbaraini.


Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

agosto 28, 2010

O senhor dos palcos

Foto: Rafael Andrade/Folhapress

A audição e a visão caíram. Estou só com 50% de visão do olho direito e nada do esquerdo. Mas no palco tudo é fácil. Não é romantismo. Há o prazer em driblar o móvel, passar pelo sofá, dar uma volta na cadeira e sentar do outro lado.Para parar [de atuar], é parar mesmo: deitar na cama e morrer. Aos 87 anos, ainda tenho uma vida sexual, mas não basta. O empenho de criar é muito forte. Não há nada que substitua isso (SERGIO BRITTO) ator e diretor.

Aos 87, Sergio Britto é tema de documentário, está em cartaz, prepara nova peça para 2011 e diz que só para de atuar quando morrer.

LUIZ FERNANDO VIANNA


Sergio Britto ganhou seis prêmios de melhor ator por "A Última Gravação de Krapp/Ato sem Palavras 1", de Samuel Beckett, entre 2008 e 2009; está em cartaz no Rio com "Recordar É Viver", de Hélio Sussekind; e já se prepara para fazer "O Canto do Cisne", de Tchékhov, no ano que vem.

Aproveitando o título do próximo trabalho, Britto poderia pensar numa despedida. Afinal, já são 87 anos de vida, 65 de carreira, sete pneumonias, duas pontes de safena e uma outra mamária, anemia crônica e um currículo de 106 peças feitas no palco (96 como ator) e 386 na TV (no tempo dos teleteatros).

"Para parar [de atuar], é parar mesmo: deitar na cama e morrer. Aos 87 anos, eu ainda tenho uma vida sexual, mas não basta. O empenho de criar é muito forte. Não há nada que substitua isso. A melhor coisa do mundo é ser ator de teatro. Quem não é não sabe o que está perdendo", exalta.

Essa paixão é o mote do primeiro documentário feito sobre Britto, "O Homem das Mil Fábulas" (título provisório). Ainda em produção e captando patrocínio, é um filme de Célia Freitas e Isabel Cavalcanti, que dirigiu o ator na peça de Beckett e fará o mesmo na de Tchékhov.

"Sergio é, hoje, o maior artista de teatro do Brasil. Toda a história do teatro passa por ele. E ele não parou, está em movimento constante", afirma Isabel.

FRÁGIL

O documentário não pretende mostrá-lo invulnerável. Há registros, por exemplo, da fragilidade física do ator, da falta de firmeza nas pernas e do sono irregular, que o leva a dormir em doses de duas ou três horas ao longo do dia, passando boa parte da madrugada acordado.

Como flagrou o fotógrafo Leonardo Bittencourt, que passou três dias consecutivos na casa de Britto no ano passado, é comum ele adormecer no sofá com a cabeça sobre o "travesseiro Farnese", um catálogo de obras do artista plástico Farnese de Andrade. E ele faz isso dizendo falas de personagens.

"A audição e a visão caíram. Estou só com 50% de visão do olho direito e nada do esquerdo", conta ele. "Mas no palco tudo é fácil. Não é romantismo. Há o prazer em driblar o móvel, passar pelo sofá, dar uma volta na cadeira e sentar do outro lado."

Isabel chama isso de determinação. E foi essa característica que fez, de acordo com a diretora, Britto se tornar "o grande ator que ele é, mas não era, e sabe que não era".

A idade avançada é sinônimo de pais e muitos amigos mortos. Nada que o tenha levado à depressão.


"Sou frio? Sou gelado? Não, é que eu enfrento bem as dificuldades. Lágrimas não combinam comigo."

Ele diz hoje que, quando cortou os pulsos, aos 22 anos, estava representando o desejo de se libertar, livrar-se da medicina que estudou para agradar os pais.

"Quando eu acordei no hospital, perguntei: "O que é isso? Não quero morrer". No mesmo dia, saí no bonde dançando e cantando. Era domingo de Carnaval."

Britto tomou a decisão de, nos anos que lhe restam, apenas trabalhar como ator, não mais dirigir nem dar cursos de teatro. "Os jovens de hoje podem dizer que querem fazer teatro, mas o que eles querem fazer é televisão. Se a televisão chama, eles largam tudo. Não estou falando mal dos jovens atores, mas de uma fase do Brasil em que tudo é mais ralo, mais frágil." (LUIZ FERNANDO VIANNA)

 
Folha Ilustrada em 14 de agosto de 2010.

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

O senhor dos palcos

Foto: Rafael Andrade/Folhapress

A audição e a visão caíram. Estou só com 50% de visão do olho direito e nada do esquerdo. Mas no palco tudo é fácil. Não é romantismo. Há o prazer em driblar o móvel, passar pelo sofá, dar uma volta na cadeira e sentar do outro lado.Para parar [de atuar], é parar mesmo: deitar na cama e morrer. Aos 87 anos, ainda tenho uma vida sexual, mas não basta. O empenho de criar é muito forte. Não há nada que substitua isso (SERGIO BRITTO) ator e diretor.

Aos 87, Sergio Britto é tema de documentário, está em cartaz, prepara nova peça para 2011 e diz que só para de atuar quando morrer.

LUIZ FERNANDO VIANNA


Sergio Britto ganhou seis prêmios de melhor ator por "A Última Gravação de Krapp/Ato sem Palavras 1", de Samuel Beckett, entre 2008 e 2009; está em cartaz no Rio com "Recordar É Viver", de Hélio Sussekind; e já se prepara para fazer "O Canto do Cisne", de Tchékhov, no ano que vem.

Aproveitando o título do próximo trabalho, Britto poderia pensar numa despedida. Afinal, já são 87 anos de vida, 65 de carreira, sete pneumonias, duas pontes de safena e uma outra mamária, anemia crônica e um currículo de 106 peças feitas no palco (96 como ator) e 386 na TV (no tempo dos teleteatros).

"Para parar [de atuar], é parar mesmo: deitar na cama e morrer. Aos 87 anos, eu ainda tenho uma vida sexual, mas não basta. O empenho de criar é muito forte. Não há nada que substitua isso. A melhor coisa do mundo é ser ator de teatro. Quem não é não sabe o que está perdendo", exalta.

Essa paixão é o mote do primeiro documentário feito sobre Britto, "O Homem das Mil Fábulas" (título provisório). Ainda em produção e captando patrocínio, é um filme de Célia Freitas e Isabel Cavalcanti, que dirigiu o ator na peça de Beckett e fará o mesmo na de Tchékhov.

"Sergio é, hoje, o maior artista de teatro do Brasil. Toda a história do teatro passa por ele. E ele não parou, está em movimento constante", afirma Isabel.

FRÁGIL

O documentário não pretende mostrá-lo invulnerável. Há registros, por exemplo, da fragilidade física do ator, da falta de firmeza nas pernas e do sono irregular, que o leva a dormir em doses de duas ou três horas ao longo do dia, passando boa parte da madrugada acordado.

Como flagrou o fotógrafo Leonardo Bittencourt, que passou três dias consecutivos na casa de Britto no ano passado, é comum ele adormecer no sofá com a cabeça sobre o "travesseiro Farnese", um catálogo de obras do artista plástico Farnese de Andrade. E ele faz isso dizendo falas de personagens.

"A audição e a visão caíram. Estou só com 50% de visão do olho direito e nada do esquerdo", conta ele. "Mas no palco tudo é fácil. Não é romantismo. Há o prazer em driblar o móvel, passar pelo sofá, dar uma volta na cadeira e sentar do outro lado."

Isabel chama isso de determinação. E foi essa característica que fez, de acordo com a diretora, Britto se tornar "o grande ator que ele é, mas não era, e sabe que não era".

A idade avançada é sinônimo de pais e muitos amigos mortos. Nada que o tenha levado à depressão.


"Sou frio? Sou gelado? Não, é que eu enfrento bem as dificuldades. Lágrimas não combinam comigo."

Ele diz hoje que, quando cortou os pulsos, aos 22 anos, estava representando o desejo de se libertar, livrar-se da medicina que estudou para agradar os pais.

"Quando eu acordei no hospital, perguntei: "O que é isso? Não quero morrer". No mesmo dia, saí no bonde dançando e cantando. Era domingo de Carnaval."

Britto tomou a decisão de, nos anos que lhe restam, apenas trabalhar como ator, não mais dirigir nem dar cursos de teatro. "Os jovens de hoje podem dizer que querem fazer teatro, mas o que eles querem fazer é televisão. Se a televisão chama, eles largam tudo. Não estou falando mal dos jovens atores, mas de uma fase do Brasil em que tudo é mais ralo, mais frágil." (LUIZ FERNANDO VIANNA)

 
Folha Ilustrada em 14 de agosto de 2010.

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

agosto 27, 2010

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta a espinha ereta e o coração tranquilo"

 Observando o caminhar do meu pai, ereto e ágil, me fez pensar e me perguntar, porque nas placas de comunicação visual, os idosos são representados encurvados e com bengala? Como se isso fosse regra absoluta e nem precisa ser. Cito o meu pai, porque o conheço bem de pertinho.

 
Será que a representação é feita para que haja maior comoção por parte dos mais jovens? E nem acho que surta efeito, vejam nesse ótimo post Idosos e prioridade nas filas  por Heloisa Sérvulo.

Porque meu pai chegou aos 80 anos, andando com agilidade e ereto?
· Papai não é fumante,
· Não é sedentário, caminha muito e diáriamente
· Não é obeso
· Se alimenta de forma correta e com moderação
. Mensalmente ele cuida dos pés com um podólogo

Exercita o corpo e a mente, adora ler, ver bons filmes, boa música, usa o computador, adora uma boa conversa, está constantemente em atividade em casa, fazendo manutenção nos eletro domésticos, o que não está com defeito ele lubrifica, faz a limpeza interna, ou seja, não para.
Pelo que observo, meu pai segue a receita correta, e penso que a sociedade ainda acha que é aceitável o idoso caminhar lentamente e encurvado.


Especialistas defendem que análise da caminhada passe a ser um dos sinais vitais verificados em consultas, como pressão e respiração, a maneira de caminhar, define o estado de saúde das pessoas, já que não é incomum, vermos jovens com postura encurvada, então insisto, porque representar os idosos como se todos fossem doentes?
 Como disse um amigo há pouco, não é possível tapar o sol com peneira, ok, porém defendo a tese que é possível senão reverter, diminuir os efeitos que a idade nos trás.


Esse é o meu pai, todo esticadinho... e não é pose pra foto não, ele segue a sugestão da música...

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta a espinha ereta e o coração tranquilo" ( Walter Franco)
a música, veja aqui, é linda!
A seguir algumas doenças que podem ser pré-existentes ou que precisam ser investigadas quando o idoso se apresenta com o andar arrastado)

Cardiopatia
Doenças pulmonares
Artrite
Distúrbios da visão, causados por diabetes
Depressão



Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta a espinha ereta e o coração tranquilo"

 Observando o caminhar do meu pai, ereto e ágil, me fez pensar e me perguntar, porque nas placas de comunicação visual, os idosos são representados encurvados e com bengala? Como se isso fosse regra absoluta e nem precisa ser. Cito o meu pai, porque o conheço bem de pertinho.

 
Será que a representação é feita para que haja maior comoção por parte dos mais jovens? E nem acho que surta efeito, vejam nesse ótimo post Idosos e prioridade nas filas  por Heloisa Sérvulo.

Porque meu pai chegou aos 80 anos, andando com agilidade e ereto?
· Papai não é fumante,
· Não é sedentário, caminha muito e diáriamente
· Não é obeso
· Se alimenta de forma correta e com moderação
. Mensalmente ele cuida dos pés com um podólogo

Exercita o corpo e a mente, adora ler, ver bons filmes, boa música, usa o computador, adora uma boa conversa, está constantemente em atividade em casa, fazendo manutenção nos eletro domésticos, o que não está com defeito ele lubrifica, faz a limpeza interna, ou seja, não para.
Pelo que observo, meu pai segue a receita correta, e penso que a sociedade ainda acha que é aceitável o idoso caminhar lentamente e encurvado.


Especialistas defendem que análise da caminhada passe a ser um dos sinais vitais verificados em consultas, como pressão e respiração, a maneira de caminhar, define o estado de saúde das pessoas, já que não é incomum, vermos jovens com postura encurvada, então insisto, porque representar os idosos como se todos fossem doentes?
 Como disse um amigo há pouco, não é possível tapar o sol com peneira, ok, porém defendo a tese que é possível senão reverter, diminuir os efeitos que a idade nos trás.


Esse é o meu pai, todo esticadinho... e não é pose pra foto não, ele segue a sugestão da música...

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta a espinha ereta e o coração tranquilo" ( Walter Franco)
a música, veja aqui, é linda!
A seguir algumas doenças que podem ser pré-existentes ou que precisam ser investigadas quando o idoso se apresenta com o andar arrastado)

Cardiopatia
Doenças pulmonares
Artrite
Distúrbios da visão, causados por diabetes
Depressão



Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

agosto 24, 2010

Serve pra que?

E você? Usa ervas e fitoterápicos? Concorda com Drauzio? Discorda?Gostaríamos de ouvir a sua experiência e a sua opinião.

Quantas vezes na vida você ouviu a expressão “se não fizer bem, mal também não faz”? Nós, brasileiros, gostamos de pensar que tudo o que é natural é necessariamente benéfico. Temos medo dos efeitos colaterais dos remédios, mas não nos preocupamos em saber se chazinhos ou cápsulas naturais causam reações indesejáveis. A resposta é sim. A natureza tem venenos poderosos.
O médico Drauzio Varella estreia no dia 29 mais uma de suas excelentes séries no Fantástico, da TV Globo. Ela vai se chamar É bom pra quê? Em quatro domingos, Drauzio vai apresentar uma ampla investigação sobre ervas e fitoterápicos. A equipe viajou para nove Estados e levantou as evidências científicas relacionadas às ervas mais usadas no Brasil. As revelações vão surpreender muita gente. E, certamente, provocar controvérsia.

Depois desse mergulho no mundo obscuro dos fitoterápicos, Drauzio concluiu que os brasileiros estão sendo enganados. Nesta semana, ele me contou em primeira mão o que descobriu. Com vocês, a visão e os conselhos de Drauzio:

Drauzio Varella
"Antes de oferecer essas ervas aos pacientes, é preciso avaliar a ação delas com rigor científico"
ÉPOCA – Ervas medicinais servem pra quê?
Drauzio Varella – Mais da metade dos medicamentos são derivados dos produtos naturais. A morfina e a aspirina são alguns exemplos. Ervas e chás são usados desde sempre. Galeno desenvolveu no século II uma poção que tinha mais de 70 ervas. Até carne de cobra tinha nessa poção. Era usada tudo o que você pode imaginar. Essa poção foi usada até o século XIX na Europa. Foram acrescentando outras coisas. Chegou a ter mais de cem plantas misturadas. Era uma panaceia. À medida que a química analítica foi se desenvolvendo, especialmente na Alemanha, eles começaram a procurar nessas plantas quais eram os princípios ativos. Da papoula, os alemães isolaram a morfina. De outra planta, isolaram a aspirina. Foi assim que a farmacologia se desenvolveu. Mas a tradição de usar chás sempre existiu. Todos nós temos na família um chá predileto. Uma coisa é dar um chá de camomila para criança. Isso é feito há séculos e a gente sabe que não faz mal nenhum. Ou chá de erva cidreira para acalmar, para dormir etc. Outra coisa é usar chás para tratar de doenças. Essa é uma medicina extremamente popular, mas é um problema.

ÉPOCA – O Ministério da Saúde elegeu oito plantas às quais se atribui alguma atividade e passou a distribuí-las no SUS. São elas: alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, guaco, isoflavona da soja e unha de gato. Isso é ruim?
Drauzio – Que tipo de medicina o governo cria com uma medida como essa? Ele institui duas medicinas: a do rico e a do pobre. As pessoas que têm acesso ao atendimento de saúde vão a médicos e compram remédios em farmácia. O que o governo fez foi criar uma medicina para pobres baseada em plantas que não têm atividade demonstrada cientificamente. Quando dizem que determinada planta tem atividade isso significa que em tubo de ensaio ela demonstrou ter determinada ação. Mas isso não basta. Para ter ação comprovada em seres humanos, falta muita coisa.

ÉPOCA – O que você pretende mostrar com essa série?
Drauzio – Nosso objetivo é mostrar que esses fitoterápicos têm de ser estudados. Têm de ser submetidos ao mesmo escrutínio ao qual os remédios comuns são submetidos. Essas coisas são jogadas para o público sem passar por estudo nenhum. Hoje vemos órgãos públicos distribuindo esses chás e fazendo o que chamam de Farmácias Vivas. Estivemos em várias delas. Em Belém, Imperatriz (no Maranhão) e em Goiânia. Essas Farmácias Vivas não são nada mais do que hortas. As plantas são cultivadas ali e distribuídas para a população sem o menor critério. Muitas vezes são indicadas por pessoas que não entendem nada de medicina. Outras vezes, são prescritas por médicos. Quem não prefere tomar um chá desses em vez de um comprimido ou injeção? Essas Farmácias Vivas estão no país inteiro. São estimuladas pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais.

ÉPOCA – Os riscos e os benefícios dessas oito plantas eleitas pelo Ministério da Saúde não foram suficientemente determinados?
Drauzio – Eles dizem que os riscos e os benefícios foram avaliados pelo uso tradicional. É para dar risada. A Anvisa dá uma relação dessas plantas e coloca qual é a alegação terapêutica. Apresentar a alegação terapêutica significa afirmar o seguinte “dizem que serve para tal coisa, mas ninguém comprovou”. É uma situação muito séria. Primeiro porque ninguém sabe de que forma essas plantas podem interagir com os remédios que a pessoa está tomando. Ninguém sabe o que pode acontecer. Outro problema grave é que as pessoas abandonam o tratamento convencional e ficam apenas com as ervas.

ÉPOCA – A Organização Mundial da Saúde de certa forma incentiva o uso desses produtos naturais porque a maioria da população mundial não tem acesso à medicina. Nesse contexto, as ervas não têm um papel importante?
Drauzio – Acho que esse é o cerne da discussão. É um absurdo dizer “olha, já que vocês não têm acesso à medicina se contentem tomando chazinho”. Isso é enganar a população. É dar a impressão de que as pessoas estão sendo tratadas quando na verdade não estão. Antes de oferecer essas ervas aos pacientes, é preciso avaliar a ação delas com rigor científico. Por exemplo: como saber se um determinado chá traz algum benefício contra a gastrite? É preciso separar dois grupos de pacientes. Um deles toma uma droga conhecida, como o omeprazol. O outro toma omeprazol e mais um chá que vem num sachê junto com uma bula que explique direitinho quantos minutos aquilo tem de ficar na água etc. Aí é comparar os resultados obtidos nos dois grupos. Não existe estudo assim. E ninguém está disposto a fazer. Os defensores dessa chamada medicina natural querem que o mundo aceite que é desse jeito e acabou. Sem nenhum estudo e sem passar por todo processo de avaliação científica que os medicamentos passam para poder ter a ação demonstrada.

ÉPOCA – O Ministério da Saúde errou ao adotar essa política?
Drauzio – Essa medida está totalmente errada. Isso não deveria ter sido feito de jeito nenhum. O que está por trás disso é uma questão política. Imagine se eu fosse o prefeito de uma pequena cidade do interior. Quanto custa um posto de saúde, médico, enfermagem, paramédicos etc? Custa caro. É muito mais barato fazer uma horta e mandar o médico receitar aquilo. E ainda inauguro o negócio com o nome de Farmácia Viva. Imagine só que nome mais inadequado. Fazer uma coisa dessa não custa quase nada. E os políticos adoram inaugurar essas hortas. Há centenas delas no Brasil.

ÉPOCA – Que realidade vocês encontraram durante a apuração das reportagens?
Drauzio – Descobrimos muitas histórias. Em Belém, estivemos na sede da Embrapa. Encontramos lá um engenheiro agrônomo que dá consultas. Você diz que está tossindo, com febre e ele te dá um xarope de guaco. Isso é feito dentro de um órgão público, oficial. O paciente que vai lá é tratado por um engenheiro agrônomo. Isso é aceito como se fosse uma coisa normal. Há uma ideologia por trás disso. É a ideologia de que as coisas naturais são melhores, de que os remédios fazem mal para a saúde, de que a tradição é melhor que a ciência. É uma coisa do século passado. A população de baixa renda está nas mãos de pessoas como esse engenheiro agrônomo. Ele faz isso de boa fé. Não faz para ganhar dinheiro. Ele acredita no que faz. Mas estamos numa área em que as crenças individuais não têm a menor importância.

ÉPOCA – Você vai criticar hábitos arraigados na cultura brasileira. Está preparado para enfrentar as críticas?
Drauzio – Todas as séries que fizemos no Fantástico foram séries que, de um modo geral, agradavam às pessoas. Falar sobre obesidade e hipertensão são coisas úteis. Todo mundo fica de acordo. Essa nova série vai ser diferente. Ela vai me criar problema. Em geral, quem usa esse tipo de medicina (se é que podemos chamar isso de medicina) são pessoas ignorantes, crédulas e que acreditam em qualquer besteira que digam a elas. O que me desconcerta é ver pessoas muito cultas que também usam essas coisas.Tenho amigos que usam. Recomendam suco de berinjela para baixar o colesterol e outras bobagens. Toda hora ouvimos falar isso. Tenho um amigo que é seguramente a pessoa mais culta que eu conheço. Tem uma cultura absurda, mas acredita em todas essas idiotices. Às vezes as pessoas têm uma cultura gigantesca em outras áreas, mas em farmacologia são completamente ignorantes. Tão ignorantes quanto o coitado que não pôde aprender a ler e a escrever e credulamente vai atrás dessas coisas.

ÉPOCA – Além dos chazinhos, existem produtos fitoterápicos registrados pela Anvisa e vendidos nas farmácias. Esses também não são submetidos a estudos para comprovar eficácia e riscos?
Drauzio – Eles são registrados na Anvisa como complemento alimentar. Ou seja: não passam pelo mesmo crivo de um medicamento. Se eu tivesse autoridade para isso, mandaria recolher do mercado todos os fitoterápicos cuja eficácia não tenha sido demonstrada cientificamente.

ÉPOCA – Imagino que muita gente vai dizer que você está defendendo os grandes laboratórios. Como vai responder a essa crítica?
Drauzio – Não tenho a menor dúvida de que esse tipo de comentário vai surgir. Minha resposta é simples. Não estamos fazendo defesa de nenhum medicamento. Não estamos beneficiando nenhum laboratório. Essa é uma questão filosófica. Enquanto a medicina era baseada em chazinhos, as pessoas viviam apenas 30 ou 40 anos. As pessoas falam tanto da medicina chinesa, não é? Elas justificam a eficácia da medicina chinesa dizendo que é milenar. Mas no início do século XIX os chineses (que contavam com essa medicina há muito tempo) morriam, em média, aos 30 anos. Quem provocou esse salto na qualidade e na duração da vida foi a medicina moderna: as vacinações, os antibióticos, o controle da pressão arterial, do diabetes etc. Na verdade, esse é um argumento ideológico recorrente. Dizem que é preciso dar chazinhos porque as multinacionais fazem remédios caros, que envenenam as pessoas etc. Criam uma teoria da conspiração. Todo mundo sabe que teoria da conspiração é uma coisa que pega.

ÉPOCA – Você sofreu esse tipo de crítica nas séries anteriores?
Drauzio – Há alguns anos fizemos uma série no Fantástico sobre gravidez. Era um pré-natal pela televisão. Tínhamos cinco pacientes de perfis diferentes. Duas das cinco nulheres foram para cesariana (uma hipertensa e uma paciente de 43 anos com pré-eclâmpsia). Se eu estivesse no lugar da obstetra provavelmente eu também teria feito cesariana naquela paciente. Apareceu uma associação de parto normal dizendo que eu estava em conluio com a TV Globo e as grandes maternidades para induzir as mulheres a fazer cesariana. Foi uma coisa louca. Imagine o que pode acontecer agora, com esse assunto das ervas que é muito mais popular e atinge muito mais gente.

ÉPOCA – É possível conciliar o tratamento convencional com algum fitoterápico? Quando o paciente pergunta se pode fazer o tratamento e continuar tomando uns chazinhos ou umas cápsulas o que você responde?
Drauzio – A resposta certa é: eu não sei. Não sabemos se existem interações. Documentar interação entre medicamentos tradicionais (com dose fixa e tudo) já é difícil. Imagine um chá desses que tem dezenas ou centenas de substâncias. Como você pode garantir que não existe nenhum antagonismo? Esse é o primeiro ponto. Digo para os pacientes não perderem tempo com essas coisas. O segundo ponto é que a medicina não pode ser feita com drogas que temos que provar que fazem mal. Temos provar que fazem bem. Se não isso não tem fim. Não chegamos a lugar nenhum. É errado dizer que o fitoterápico, pelo menos, vai fazer bem psicologicamente, que vai produzir um efeito placebo etc. Isso é enganar as pessoas. É o mesmo que dizer: vou te dar uma coisa que não serve para nada, mas como você é boba vai achar que serve e vai ficar feliz.

ÉPOCA – O que mais o surpreendeu durante a preparação da série?
Drauzio – Fiquei surpreso ao ver que o uso das ervas é feito sem nenhum controle e ainda é referendado por órgãos públicos, ligados ao Ministério da Saúde ou à Embrapa. Fiquei ainda mais surpreso com o discurso que existe por trás dessas coisas. Dizem que o uso das ervas tem fundamento científico. O fundamento científico é nenhum. Muitas vezes esse fundamento científico é uma tese de mestrado que alguém fez na faculdade de farmácia e que demonstrou que em determinada cultura de células ou em determinado animal uma fração daquele extrato tem alguma ação. Isso é apresentado como prova inequívoca da eficácia do extrato ou do chá. É um absurdo.

ÉPOCA – O que ouviu dos doentes?
Drauzio – Essa é a parte mais triste. Muitas pessoas param de se tratar porque acreditam nessas coisas. Encontrei uma senhora em Goiânia que descobriu um tumor de mama quando ele tinha 1,5 cm. Ficou tomando chás e fazendo tratamento com argila e quando foi operada o tumor já tinha dez centímetros. E ainda disseram para ela: “ainda bem que a senhora tomou as ervas, isso fez o tumor crescer devagar. Se não tivesse tomado, o tumor teria crescido mais depressa”.

ÉPOCA – Por que tanta gente é atraída para essas práticas?
Drauzio – A verdade é que, de uma forma geral, esse pessoal tem um atendimento muito precário no SUS. O médico nem olha na cara do paciente, dá a receita e manda-o embora. Nos lugares que oferecem tratamentos alternativos o acolhimento é outro. Muitas vezes quem receita as ervas são freiras em paróquias espalhadas pelo Brasil. Quem atende esses pacientes conversa, passa mais tempo com o doente. Esse lado acolhedor é o que mais atrai as pessoas. O doente vai ao médico e ele nem olha na cara. O outro, conversa.

ÉPOCA – Muitas vezes esse outro explica o que o médico não teve paciência de explicar, não é mesmo?
Drauzio – Dá uma explicação estapafúrdia, mas aquilo adquire uma lógica para quem sofre. Em alguns lugares do SUS que tratam com fitoterápicos, a consulta dura 40 minutos. É um grande diferencial. É algo muito atrativo. Mas é um mundo totalmente absurdo. A preparação dos chás é muito variável. Por quanto tempo as folhas foram fervidas? O chá ficou na geladeira? Isso tudo altera a concentração da substância presente ali. Na Farmácia Viva lá de Belém tem uma plantinha chamada insulina. Usam para diabetes. Chega lá a pobre ignorante e dizem para ela não tomar a insulina que o médico receitou. Mandam tomar a plantinha.Tem outra plantinha chamada Novalgina.

ÉPOCA – Comprovar o benefício de uma planta exige muita pesquisa. É um longo processo que separa a crendice da ciência. Como se chega a esse tipo de comprovação?
Drauzio – Na série, vamos mostrar qual é o processo certo para se chegar a isso. Visitamos um centro de pesquisa muito bem equipado na Universidade Federal do Ceará e também fomos a Porto Alegre. Contamos ainda como anda o projeto que desenvolvemos na Amazônia há 15 anos. É preciso coletar a planta, moê-la, preparar o extrato, testá-lo em tubo de ensaio. No nosso projeto no Rio Negro conseguimos 2,2 mil extratos. Metade foi testada contra células malignas. Cento e noventa demonstrou alguma atividade. Vinte apresentou bastante atividade. Separamos oito extratos para estudar profundamente. É um processo muito lento. O extrato é um chá. É preciso fazer exames de cromatografia e ressonância magnética para separar as frações. É o que estamos fazendo agora.

ÉPOCA – E depois?
Drauzio – Aí temos que testar cada fração para ver qual delas é a responsável pela atividade. Essa fração é que vai em frente. Vai ser testada em animais, depois em humanos etc. É tudo muito complexo. Não cabe às autoridades responsáveis pela saúde adotar métodos de tratamento que não têm eficácia demonstrada. As autoridades não podem criar uma medicina para rico e outra para pobre baseada em tratamentos baratinhos e sem ação. Vamos tentar mostrar como funciona o método científico. Como se prova que uma coisa é boa para a saúde ou não. Não podemos aceitar que as pessoas continuem sendo enganadas.
E você? Usa ervas e fitoterápicos? Concorda com Drauzio? Discorda? Queremos ouvir a sua experiência e a sua opinião.
CRISTIANE SEGATTO
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo

DRAUZIO VARELLA
È médico cancerologista, formado pela USP. Nasceu em São Paulo, em 1943. Foi um dos fundadores do Curso Objetivo, onde lecionou química durante muitos anos.No início dos anos 1970, trabalhou com o professor Vicente Amato Neto, na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer (SP) e, de 1990 a 1992, o serviço de Câncer no Hospital do Ipiranga, na época pertencente ao INAMPS.
Foi um dos pioneiros no tratamento da AIDS, especialmente do sarcoma de Kaposi, no Brasil. Em 1986, sob a orientação do jornalista Fernando Vieira de Melo, iniciou campanhas que visavam ao esclarecimento da população sobre a prevenção à AIDS, primeiro pela rádio Jovem Pan AM e depois pela 89 FM de São Paulo. 

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

Serve pra que?

E você? Usa ervas e fitoterápicos? Concorda com Drauzio? Discorda?Gostaríamos de ouvir a sua experiência e a sua opinião.

Quantas vezes na vida você ouviu a expressão “se não fizer bem, mal também não faz”? Nós, brasileiros, gostamos de pensar que tudo o que é natural é necessariamente benéfico. Temos medo dos efeitos colaterais dos remédios, mas não nos preocupamos em saber se chazinhos ou cápsulas naturais causam reações indesejáveis. A resposta é sim. A natureza tem venenos poderosos.
O médico Drauzio Varella estreia no dia 29 mais uma de suas excelentes séries no Fantástico, da TV Globo. Ela vai se chamar É bom pra quê? Em quatro domingos, Drauzio vai apresentar uma ampla investigação sobre ervas e fitoterápicos. A equipe viajou para nove Estados e levantou as evidências científicas relacionadas às ervas mais usadas no Brasil. As revelações vão surpreender muita gente. E, certamente, provocar controvérsia.

Depois desse mergulho no mundo obscuro dos fitoterápicos, Drauzio concluiu que os brasileiros estão sendo enganados. Nesta semana, ele me contou em primeira mão o que descobriu. Com vocês, a visão e os conselhos de Drauzio:

Drauzio Varella
"Antes de oferecer essas ervas aos pacientes, é preciso avaliar a ação delas com rigor científico"
ÉPOCA – Ervas medicinais servem pra quê?
Drauzio Varella – Mais da metade dos medicamentos são derivados dos produtos naturais. A morfina e a aspirina são alguns exemplos. Ervas e chás são usados desde sempre. Galeno desenvolveu no século II uma poção que tinha mais de 70 ervas. Até carne de cobra tinha nessa poção. Era usada tudo o que você pode imaginar. Essa poção foi usada até o século XIX na Europa. Foram acrescentando outras coisas. Chegou a ter mais de cem plantas misturadas. Era uma panaceia. À medida que a química analítica foi se desenvolvendo, especialmente na Alemanha, eles começaram a procurar nessas plantas quais eram os princípios ativos. Da papoula, os alemães isolaram a morfina. De outra planta, isolaram a aspirina. Foi assim que a farmacologia se desenvolveu. Mas a tradição de usar chás sempre existiu. Todos nós temos na família um chá predileto. Uma coisa é dar um chá de camomila para criança. Isso é feito há séculos e a gente sabe que não faz mal nenhum. Ou chá de erva cidreira para acalmar, para dormir etc. Outra coisa é usar chás para tratar de doenças. Essa é uma medicina extremamente popular, mas é um problema.

ÉPOCA – O Ministério da Saúde elegeu oito plantas às quais se atribui alguma atividade e passou a distribuí-las no SUS. São elas: alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, guaco, isoflavona da soja e unha de gato. Isso é ruim?
Drauzio – Que tipo de medicina o governo cria com uma medida como essa? Ele institui duas medicinas: a do rico e a do pobre. As pessoas que têm acesso ao atendimento de saúde vão a médicos e compram remédios em farmácia. O que o governo fez foi criar uma medicina para pobres baseada em plantas que não têm atividade demonstrada cientificamente. Quando dizem que determinada planta tem atividade isso significa que em tubo de ensaio ela demonstrou ter determinada ação. Mas isso não basta. Para ter ação comprovada em seres humanos, falta muita coisa.

ÉPOCA – O que você pretende mostrar com essa série?
Drauzio – Nosso objetivo é mostrar que esses fitoterápicos têm de ser estudados. Têm de ser submetidos ao mesmo escrutínio ao qual os remédios comuns são submetidos. Essas coisas são jogadas para o público sem passar por estudo nenhum. Hoje vemos órgãos públicos distribuindo esses chás e fazendo o que chamam de Farmácias Vivas. Estivemos em várias delas. Em Belém, Imperatriz (no Maranhão) e em Goiânia. Essas Farmácias Vivas não são nada mais do que hortas. As plantas são cultivadas ali e distribuídas para a população sem o menor critério. Muitas vezes são indicadas por pessoas que não entendem nada de medicina. Outras vezes, são prescritas por médicos. Quem não prefere tomar um chá desses em vez de um comprimido ou injeção? Essas Farmácias Vivas estão no país inteiro. São estimuladas pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais.

ÉPOCA – Os riscos e os benefícios dessas oito plantas eleitas pelo Ministério da Saúde não foram suficientemente determinados?
Drauzio – Eles dizem que os riscos e os benefícios foram avaliados pelo uso tradicional. É para dar risada. A Anvisa dá uma relação dessas plantas e coloca qual é a alegação terapêutica. Apresentar a alegação terapêutica significa afirmar o seguinte “dizem que serve para tal coisa, mas ninguém comprovou”. É uma situação muito séria. Primeiro porque ninguém sabe de que forma essas plantas podem interagir com os remédios que a pessoa está tomando. Ninguém sabe o que pode acontecer. Outro problema grave é que as pessoas abandonam o tratamento convencional e ficam apenas com as ervas.

ÉPOCA – A Organização Mundial da Saúde de certa forma incentiva o uso desses produtos naturais porque a maioria da população mundial não tem acesso à medicina. Nesse contexto, as ervas não têm um papel importante?
Drauzio – Acho que esse é o cerne da discussão. É um absurdo dizer “olha, já que vocês não têm acesso à medicina se contentem tomando chazinho”. Isso é enganar a população. É dar a impressão de que as pessoas estão sendo tratadas quando na verdade não estão. Antes de oferecer essas ervas aos pacientes, é preciso avaliar a ação delas com rigor científico. Por exemplo: como saber se um determinado chá traz algum benefício contra a gastrite? É preciso separar dois grupos de pacientes. Um deles toma uma droga conhecida, como o omeprazol. O outro toma omeprazol e mais um chá que vem num sachê junto com uma bula que explique direitinho quantos minutos aquilo tem de ficar na água etc. Aí é comparar os resultados obtidos nos dois grupos. Não existe estudo assim. E ninguém está disposto a fazer. Os defensores dessa chamada medicina natural querem que o mundo aceite que é desse jeito e acabou. Sem nenhum estudo e sem passar por todo processo de avaliação científica que os medicamentos passam para poder ter a ação demonstrada.

ÉPOCA – O Ministério da Saúde errou ao adotar essa política?
Drauzio – Essa medida está totalmente errada. Isso não deveria ter sido feito de jeito nenhum. O que está por trás disso é uma questão política. Imagine se eu fosse o prefeito de uma pequena cidade do interior. Quanto custa um posto de saúde, médico, enfermagem, paramédicos etc? Custa caro. É muito mais barato fazer uma horta e mandar o médico receitar aquilo. E ainda inauguro o negócio com o nome de Farmácia Viva. Imagine só que nome mais inadequado. Fazer uma coisa dessa não custa quase nada. E os políticos adoram inaugurar essas hortas. Há centenas delas no Brasil.

ÉPOCA – Que realidade vocês encontraram durante a apuração das reportagens?
Drauzio – Descobrimos muitas histórias. Em Belém, estivemos na sede da Embrapa. Encontramos lá um engenheiro agrônomo que dá consultas. Você diz que está tossindo, com febre e ele te dá um xarope de guaco. Isso é feito dentro de um órgão público, oficial. O paciente que vai lá é tratado por um engenheiro agrônomo. Isso é aceito como se fosse uma coisa normal. Há uma ideologia por trás disso. É a ideologia de que as coisas naturais são melhores, de que os remédios fazem mal para a saúde, de que a tradição é melhor que a ciência. É uma coisa do século passado. A população de baixa renda está nas mãos de pessoas como esse engenheiro agrônomo. Ele faz isso de boa fé. Não faz para ganhar dinheiro. Ele acredita no que faz. Mas estamos numa área em que as crenças individuais não têm a menor importância.

ÉPOCA – Você vai criticar hábitos arraigados na cultura brasileira. Está preparado para enfrentar as críticas?
Drauzio – Todas as séries que fizemos no Fantástico foram séries que, de um modo geral, agradavam às pessoas. Falar sobre obesidade e hipertensão são coisas úteis. Todo mundo fica de acordo. Essa nova série vai ser diferente. Ela vai me criar problema. Em geral, quem usa esse tipo de medicina (se é que podemos chamar isso de medicina) são pessoas ignorantes, crédulas e que acreditam em qualquer besteira que digam a elas. O que me desconcerta é ver pessoas muito cultas que também usam essas coisas.Tenho amigos que usam. Recomendam suco de berinjela para baixar o colesterol e outras bobagens. Toda hora ouvimos falar isso. Tenho um amigo que é seguramente a pessoa mais culta que eu conheço. Tem uma cultura absurda, mas acredita em todas essas idiotices. Às vezes as pessoas têm uma cultura gigantesca em outras áreas, mas em farmacologia são completamente ignorantes. Tão ignorantes quanto o coitado que não pôde aprender a ler e a escrever e credulamente vai atrás dessas coisas.

ÉPOCA – Além dos chazinhos, existem produtos fitoterápicos registrados pela Anvisa e vendidos nas farmácias. Esses também não são submetidos a estudos para comprovar eficácia e riscos?
Drauzio – Eles são registrados na Anvisa como complemento alimentar. Ou seja: não passam pelo mesmo crivo de um medicamento. Se eu tivesse autoridade para isso, mandaria recolher do mercado todos os fitoterápicos cuja eficácia não tenha sido demonstrada cientificamente.

ÉPOCA – Imagino que muita gente vai dizer que você está defendendo os grandes laboratórios. Como vai responder a essa crítica?
Drauzio – Não tenho a menor dúvida de que esse tipo de comentário vai surgir. Minha resposta é simples. Não estamos fazendo defesa de nenhum medicamento. Não estamos beneficiando nenhum laboratório. Essa é uma questão filosófica. Enquanto a medicina era baseada em chazinhos, as pessoas viviam apenas 30 ou 40 anos. As pessoas falam tanto da medicina chinesa, não é? Elas justificam a eficácia da medicina chinesa dizendo que é milenar. Mas no início do século XIX os chineses (que contavam com essa medicina há muito tempo) morriam, em média, aos 30 anos. Quem provocou esse salto na qualidade e na duração da vida foi a medicina moderna: as vacinações, os antibióticos, o controle da pressão arterial, do diabetes etc. Na verdade, esse é um argumento ideológico recorrente. Dizem que é preciso dar chazinhos porque as multinacionais fazem remédios caros, que envenenam as pessoas etc. Criam uma teoria da conspiração. Todo mundo sabe que teoria da conspiração é uma coisa que pega.

ÉPOCA – Você sofreu esse tipo de crítica nas séries anteriores?
Drauzio – Há alguns anos fizemos uma série no Fantástico sobre gravidez. Era um pré-natal pela televisão. Tínhamos cinco pacientes de perfis diferentes. Duas das cinco nulheres foram para cesariana (uma hipertensa e uma paciente de 43 anos com pré-eclâmpsia). Se eu estivesse no lugar da obstetra provavelmente eu também teria feito cesariana naquela paciente. Apareceu uma associação de parto normal dizendo que eu estava em conluio com a TV Globo e as grandes maternidades para induzir as mulheres a fazer cesariana. Foi uma coisa louca. Imagine o que pode acontecer agora, com esse assunto das ervas que é muito mais popular e atinge muito mais gente.

ÉPOCA – É possível conciliar o tratamento convencional com algum fitoterápico? Quando o paciente pergunta se pode fazer o tratamento e continuar tomando uns chazinhos ou umas cápsulas o que você responde?
Drauzio – A resposta certa é: eu não sei. Não sabemos se existem interações. Documentar interação entre medicamentos tradicionais (com dose fixa e tudo) já é difícil. Imagine um chá desses que tem dezenas ou centenas de substâncias. Como você pode garantir que não existe nenhum antagonismo? Esse é o primeiro ponto. Digo para os pacientes não perderem tempo com essas coisas. O segundo ponto é que a medicina não pode ser feita com drogas que temos que provar que fazem mal. Temos provar que fazem bem. Se não isso não tem fim. Não chegamos a lugar nenhum. É errado dizer que o fitoterápico, pelo menos, vai fazer bem psicologicamente, que vai produzir um efeito placebo etc. Isso é enganar as pessoas. É o mesmo que dizer: vou te dar uma coisa que não serve para nada, mas como você é boba vai achar que serve e vai ficar feliz.

ÉPOCA – O que mais o surpreendeu durante a preparação da série?
Drauzio – Fiquei surpreso ao ver que o uso das ervas é feito sem nenhum controle e ainda é referendado por órgãos públicos, ligados ao Ministério da Saúde ou à Embrapa. Fiquei ainda mais surpreso com o discurso que existe por trás dessas coisas. Dizem que o uso das ervas tem fundamento científico. O fundamento científico é nenhum. Muitas vezes esse fundamento científico é uma tese de mestrado que alguém fez na faculdade de farmácia e que demonstrou que em determinada cultura de células ou em determinado animal uma fração daquele extrato tem alguma ação. Isso é apresentado como prova inequívoca da eficácia do extrato ou do chá. É um absurdo.

ÉPOCA – O que ouviu dos doentes?
Drauzio – Essa é a parte mais triste. Muitas pessoas param de se tratar porque acreditam nessas coisas. Encontrei uma senhora em Goiânia que descobriu um tumor de mama quando ele tinha 1,5 cm. Ficou tomando chás e fazendo tratamento com argila e quando foi operada o tumor já tinha dez centímetros. E ainda disseram para ela: “ainda bem que a senhora tomou as ervas, isso fez o tumor crescer devagar. Se não tivesse tomado, o tumor teria crescido mais depressa”.

ÉPOCA – Por que tanta gente é atraída para essas práticas?
Drauzio – A verdade é que, de uma forma geral, esse pessoal tem um atendimento muito precário no SUS. O médico nem olha na cara do paciente, dá a receita e manda-o embora. Nos lugares que oferecem tratamentos alternativos o acolhimento é outro. Muitas vezes quem receita as ervas são freiras em paróquias espalhadas pelo Brasil. Quem atende esses pacientes conversa, passa mais tempo com o doente. Esse lado acolhedor é o que mais atrai as pessoas. O doente vai ao médico e ele nem olha na cara. O outro, conversa.

ÉPOCA – Muitas vezes esse outro explica o que o médico não teve paciência de explicar, não é mesmo?
Drauzio – Dá uma explicação estapafúrdia, mas aquilo adquire uma lógica para quem sofre. Em alguns lugares do SUS que tratam com fitoterápicos, a consulta dura 40 minutos. É um grande diferencial. É algo muito atrativo. Mas é um mundo totalmente absurdo. A preparação dos chás é muito variável. Por quanto tempo as folhas foram fervidas? O chá ficou na geladeira? Isso tudo altera a concentração da substância presente ali. Na Farmácia Viva lá de Belém tem uma plantinha chamada insulina. Usam para diabetes. Chega lá a pobre ignorante e dizem para ela não tomar a insulina que o médico receitou. Mandam tomar a plantinha.Tem outra plantinha chamada Novalgina.

ÉPOCA – Comprovar o benefício de uma planta exige muita pesquisa. É um longo processo que separa a crendice da ciência. Como se chega a esse tipo de comprovação?
Drauzio – Na série, vamos mostrar qual é o processo certo para se chegar a isso. Visitamos um centro de pesquisa muito bem equipado na Universidade Federal do Ceará e também fomos a Porto Alegre. Contamos ainda como anda o projeto que desenvolvemos na Amazônia há 15 anos. É preciso coletar a planta, moê-la, preparar o extrato, testá-lo em tubo de ensaio. No nosso projeto no Rio Negro conseguimos 2,2 mil extratos. Metade foi testada contra células malignas. Cento e noventa demonstrou alguma atividade. Vinte apresentou bastante atividade. Separamos oito extratos para estudar profundamente. É um processo muito lento. O extrato é um chá. É preciso fazer exames de cromatografia e ressonância magnética para separar as frações. É o que estamos fazendo agora.

ÉPOCA – E depois?
Drauzio – Aí temos que testar cada fração para ver qual delas é a responsável pela atividade. Essa fração é que vai em frente. Vai ser testada em animais, depois em humanos etc. É tudo muito complexo. Não cabe às autoridades responsáveis pela saúde adotar métodos de tratamento que não têm eficácia demonstrada. As autoridades não podem criar uma medicina para rico e outra para pobre baseada em tratamentos baratinhos e sem ação. Vamos tentar mostrar como funciona o método científico. Como se prova que uma coisa é boa para a saúde ou não. Não podemos aceitar que as pessoas continuem sendo enganadas.
E você? Usa ervas e fitoterápicos? Concorda com Drauzio? Discorda? Queremos ouvir a sua experiência e a sua opinião.
CRISTIANE SEGATTO
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo

DRAUZIO VARELLA
È médico cancerologista, formado pela USP. Nasceu em São Paulo, em 1943. Foi um dos fundadores do Curso Objetivo, onde lecionou química durante muitos anos.No início dos anos 1970, trabalhou com o professor Vicente Amato Neto, na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer (SP) e, de 1990 a 1992, o serviço de Câncer no Hospital do Ipiranga, na época pertencente ao INAMPS.
Foi um dos pioneiros no tratamento da AIDS, especialmente do sarcoma de Kaposi, no Brasil. Em 1986, sob a orientação do jornalista Fernando Vieira de Melo, iniciou campanhas que visavam ao esclarecimento da população sobre a prevenção à AIDS, primeiro pela rádio Jovem Pan AM e depois pela 89 FM de São Paulo. 

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

A onda de baixa umidade do ar requer alguns cuidados especiais

Foto: Mooca-São Paulo (hoje)
A onda de baixa umidade que cobre parte de São Paulo obrigou a Defesa Civil a decretar estado de atenção nos últimos dias e aumentou casos de problemas de saúde como o ressecamento dos olhos, boca e nariz e doenças respiratórias.

Valores de umidade relativa abaixo de 12% representam estado de emergência, entre 13 e 20% estado de alerta e entre 21 e 30% estado de atenção.

Crianças e idosos são os mais afetados pela baixa umidade do ar, por isso, é necessário atenção especial a esses dois grupos de pessoas. A população deve ingerir bastante água, além de sucos naturais feitos de maneira adequada e água de coco.

Também é importante manter a higiene doméstica, evitando o acúmulo de poeira, que desencadeia problemas alérgicos. Dormir em local arejado e umedecido ajuda a minimizar os efeitos do tempo seco. Os ambientes podem ser umidificados com toalhas molhadas, reservatórios com água e até umidificadores. O uso de soro fisiológico para manter a lubrificação dos olhos e narinas.

Evitar banhos com água muito quente, que provocam o ressecamento da pele, e usar sempre que possível um creme hidratante.
Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

A onda de baixa umidade do ar requer alguns cuidados especiais

Foto: Mooca-São Paulo (hoje)
A onda de baixa umidade que cobre parte de São Paulo obrigou a Defesa Civil a decretar estado de atenção nos últimos dias e aumentou casos de problemas de saúde como o ressecamento dos olhos, boca e nariz e doenças respiratórias.

Valores de umidade relativa abaixo de 12% representam estado de emergência, entre 13 e 20% estado de alerta e entre 21 e 30% estado de atenção.

Crianças e idosos são os mais afetados pela baixa umidade do ar, por isso, é necessário atenção especial a esses dois grupos de pessoas. A população deve ingerir bastante água, além de sucos naturais feitos de maneira adequada e água de coco.

Também é importante manter a higiene doméstica, evitando o acúmulo de poeira, que desencadeia problemas alérgicos. Dormir em local arejado e umedecido ajuda a minimizar os efeitos do tempo seco. Os ambientes podem ser umidificados com toalhas molhadas, reservatórios com água e até umidificadores. O uso de soro fisiológico para manter a lubrificação dos olhos e narinas.

Evitar banhos com água muito quente, que provocam o ressecamento da pele, e usar sempre que possível um creme hidratante.
Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

agosto 23, 2010

Faltam orientações sobre o assunto para quem cuida

O LongeVIDAde disponibiliza na Biblioteca Digital uma série de Manuais e Cartilhas, Planilhas de Controles para cuidadores de idosos, leigos (familiares) e profissionais,e uma grande quantidade de artigos científicos direcionados à cuidadores profissionais basta solicitar via e-mail:longevidadeblog@gmail.com

Faltam orientações sobre o assunto para quem cuida, diz Ângela Maria Machado de Lima, médica sanitarista e professora da USP.

O tema foi debatido em mesa redonda durante o último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em Belo Horizonte. O esquema de revezamento estabelecido na casa da professora é a melhor maneira de uma família cuidar de seus idosos, segundo Sônia Maria da Rocha, professora de pós-graduação em Enfermagem da UniversidadeFederal de Santa Catarina, que coordenou a discussão sobre esse assunto no congresso.

Desde que o pai da professora de inglês Nara Cunha sofreu um derrame, em setembro passado, a vida dela e de suas três irmãs tornou-se uma rotina de cuidados, realizados em regime de revezamento, conforme a disponibilidade de cada uma delas. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, 10% da população brasileira já chegou à terceira idade e cerca de 20% desses idosos têm algum comprometimento e necessitam de cuidados."Com o aumento da expetativa de vida, cuidar de um idoso se tornará algo tão comum quanto ter filhos. Ainda assim, esse tema é pouco explorado.




Assim, ninguém se sente sobrecarregado e o idoso tem a atenção de que necessita. "Um cuidador sobrecarregado dificilmente solicita ajuda.
Em geral, ele espera que os outros percebam que ele precisa dessa ajuda." Para cuidar dos pais, o ex-comerciante Geraldo Batista da Cunha e Ernestina Matilde da Cunha, ambos de 74 anos, Nara e suas três irmãs se orientam pelas informações dos médicos e pelas dicas de vizinhos e amigos que já passaram por situações semelhantes. "Cidade pequena tem dessas coisas. As pessoas se ajudam", diz Nara, que mora em Pedro Leopoldo (46 km de Belo Horizonte).
Apesar de alguns idosos preferirem ser institucionalizados, para não depender de filhos e outros parentes, a maioria escolhe ficar em casa, mesmo que a família tenha capacidade limitada para realizar certos procedimentos. "O idoso é muito grato", diz Sônia.


Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

Faltam orientações sobre o assunto para quem cuida

O LongeVIDAde disponibiliza na Biblioteca Digital uma série de Manuais e Cartilhas, Planilhas de Controles para cuidadores de idosos, leigos (familiares) e profissionais,e uma grande quantidade de artigos científicos direcionados à cuidadores profissionais basta solicitar via e-mail:longevidadeblog@gmail.com

Faltam orientações sobre o assunto para quem cuida, diz Ângela Maria Machado de Lima, médica sanitarista e professora da USP.

O tema foi debatido em mesa redonda durante o último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em Belo Horizonte. O esquema de revezamento estabelecido na casa da professora é a melhor maneira de uma família cuidar de seus idosos, segundo Sônia Maria da Rocha, professora de pós-graduação em Enfermagem da UniversidadeFederal de Santa Catarina, que coordenou a discussão sobre esse assunto no congresso.

Desde que o pai da professora de inglês Nara Cunha sofreu um derrame, em setembro passado, a vida dela e de suas três irmãs tornou-se uma rotina de cuidados, realizados em regime de revezamento, conforme a disponibilidade de cada uma delas. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, 10% da população brasileira já chegou à terceira idade e cerca de 20% desses idosos têm algum comprometimento e necessitam de cuidados."Com o aumento da expetativa de vida, cuidar de um idoso se tornará algo tão comum quanto ter filhos. Ainda assim, esse tema é pouco explorado.




Assim, ninguém se sente sobrecarregado e o idoso tem a atenção de que necessita. "Um cuidador sobrecarregado dificilmente solicita ajuda.
Em geral, ele espera que os outros percebam que ele precisa dessa ajuda." Para cuidar dos pais, o ex-comerciante Geraldo Batista da Cunha e Ernestina Matilde da Cunha, ambos de 74 anos, Nara e suas três irmãs se orientam pelas informações dos médicos e pelas dicas de vizinhos e amigos que já passaram por situações semelhantes. "Cidade pequena tem dessas coisas. As pessoas se ajudam", diz Nara, que mora em Pedro Leopoldo (46 km de Belo Horizonte).
Apesar de alguns idosos preferirem ser institucionalizados, para não depender de filhos e outros parentes, a maioria escolhe ficar em casa, mesmo que a família tenha capacidade limitada para realizar certos procedimentos. "O idoso é muito grato", diz Sônia.


Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

agosto 21, 2010

ONG prega velhice com autonomia

O entra e sai de idosos apressados no casarão da zona oeste de São Paulo já mostra que ali o público é autônomo. O Movimento Pró-Idosos ( Mopi) é uma das mais antigas organizações não governamentais do País que militam pela autonomia na velhice, trabalho que começou nos anos 70, muito antes de o mundo perceber o boom do envelhecimento, com o auxílio de especialistas da PUC. Hoje mantém o vínculo com gerontologistas da universidade e é respaldado pelo Rotary Club.

"Aqui não tem idoso coitadinho", disse Carmem Menezes de Oliveira, 79 anos, que acabara de terminar o ensaio de coral. Após uma torção na perna e uma intervenção cardiológica, Carmem, professora aposentada e jornalista, recuperou-se e caminha ereta pelas íngremes ruas do bairro paulistano de Perdizes. "Faço as coisas a pé, vou à feira, supermercado. Subo e desço ladeira, sim."

Mariana Piro, 73 anos, também vítima de uma queda, aguardava uma amiga para rumar para o extremo da zona oeste, de ônibus. Caminha também ereta, mas com o auxílio da bengala. Nos fins de semana, faz um trajeto ainda maior de ônibus até Alphaville, na Grande São Paulo, onde trabalha como acompanhante de uma amiga de muitos anos e que tem hoje 85 anos. "Ela ficava sozinha. Eu também. Aí pensei que seria bom e também uma forma de ganhar um dinheirinho. O fim de semana passa voando", relata Mariana, lembrando em seguida do estado preocupante da irmã, de 75, que mal consegue se mover dentro de casa, prejuízo da diabetes. 

Cabe a Aida Yagüe Moreno, de 76 anos, professora de alongamento, ajudar a garantir que perdure o entra e sai corrido no Mopi. "Eu digo a eles para não esquecer de movimentar os braços, o que ajuda a evitar quedas", diz Aida, para em seguida disparar para a rua, cabeça grudada no peito, pés arrastando, braços colados ao corpo, demonstrando como não deve ser a marcha do idoso. Em seguida, ergueu o pescoço, balançou os braços, saiu a andar elegantemente para demonstrar como deve ser. 
 
Fabiane Leite - O Estado de S.Paulo

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

Como funciona a Universidade Aberta para a 3a. idade?

Em vários países, inclusive no Brasil, a Universidade tem desempenhado essa função por meio de programas voltados para a educação permanente de adultos maduros e idosos, normalmente denominados “Universidade Aberta à Terceira Idade”. Tendo como pressuposto a noção de que a atividade promove a saúde, o bem-estar psicológico e social e a cidadania dessa clientela genericamente chamada de terceira idade, esses programas oferecem oportunidades para participação em atividades intelectuais, físicas e sociais.

A inclusão dos mais velhos nesses locais tem servido de espaço para rico contato intergeracional e de revisão de crenças e atitudes acerca da velhice, ao demonstrar que é possível aprender e se desenvolver durante a última etapa do ciclo vital.

A Universidade de São Paulo estruturou o projeto Universidade Aberta à Terceira Idade em 1993. O programa atualmente é desenvolvido em todos os campi e unidades da USP: em São Paulo, na Cidade Universitária e na Escola de Artes, Ciências e Humanidades; em Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos.

As atividades acontecem por meio de de oficinas, palestras e disciplinas dos cursos de graduação oferecidas semestralmente. As pessoas podem selecionar as atividades de seu interesse, tais como:

Oficinas: atividade que busca através da troca de experiências e conhecimentos entre seus participantes, um envelhecimento bem-sucedido. Sua realização é semanal com início na segunda quinzena de março e término na primeira quinzena de junho. Compreende os seguintes grupos: Conheça seus direitos e participe: quem se informa, transforma; Ateliê de Arte e Criatividade; Educação Alimentar; Ações para Prevenção de Quedas de Idosos; No caminho da Prevenção de Doenças: o Cuidado com a minha Saúde; Conversando com quem gosta de conversar; Grupo de Crescimento Pessoal; Viver bem com qualidade de Vida; E a família, como vai?

Palestras: atividade para a promoção da saúde, realizada no mês de maio. Compreende os seguintes temas: Saúde e gestão de risco no envelhecimento; Sono na terceira idade; Dor facial e de cabeça no idoso.
Disciplinas da graduação: é destinada para pessoas que possuem no mínimo o ensino médio completo. Os interessados poderão escolher as seguintes disciplinas que tem início em março e término em junho: Processos Psicológicos Básicos para Gerontologia; Processos Patológicos do Envelhecimento II; Metodologia da Pesquisa em Lazer e Turismo I; Reflexões sobre o lazer e turismo I; Ética; Teorias da Democracia; Ciclo de Vida; Introdução ao Estudo das Políticas Públicas I.

Podem participar dos cursos pessoas com idade a partir de 60 anos. Para matricular-se nas oficinas e palestras, não se exige a apresentação de diplomas ou certificados de escolaridade concluída anteriormente.
Para chegar à USP Leste pode-se pegar o trem da CPTM, Linha F Estação USP Leste, que é praticamente dentro da Universidade



Informações extraidas do Site da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo - USP
Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

ONG prega velhice com autonomia

O entra e sai de idosos apressados no casarão da zona oeste de São Paulo já mostra que ali o público é autônomo. O Movimento Pró-Idosos ( Mopi) é uma das mais antigas organizações não governamentais do País que militam pela autonomia na velhice, trabalho que começou nos anos 70, muito antes de o mundo perceber o boom do envelhecimento, com o auxílio de especialistas da PUC. Hoje mantém o vínculo com gerontologistas da universidade e é respaldado pelo Rotary Club.

"Aqui não tem idoso coitadinho", disse Carmem Menezes de Oliveira, 79 anos, que acabara de terminar o ensaio de coral. Após uma torção na perna e uma intervenção cardiológica, Carmem, professora aposentada e jornalista, recuperou-se e caminha ereta pelas íngremes ruas do bairro paulistano de Perdizes. "Faço as coisas a pé, vou à feira, supermercado. Subo e desço ladeira, sim."

Mariana Piro, 73 anos, também vítima de uma queda, aguardava uma amiga para rumar para o extremo da zona oeste, de ônibus. Caminha também ereta, mas com o auxílio da bengala. Nos fins de semana, faz um trajeto ainda maior de ônibus até Alphaville, na Grande São Paulo, onde trabalha como acompanhante de uma amiga de muitos anos e que tem hoje 85 anos. "Ela ficava sozinha. Eu também. Aí pensei que seria bom e também uma forma de ganhar um dinheirinho. O fim de semana passa voando", relata Mariana, lembrando em seguida do estado preocupante da irmã, de 75, que mal consegue se mover dentro de casa, prejuízo da diabetes. 

Cabe a Aida Yagüe Moreno, de 76 anos, professora de alongamento, ajudar a garantir que perdure o entra e sai corrido no Mopi. "Eu digo a eles para não esquecer de movimentar os braços, o que ajuda a evitar quedas", diz Aida, para em seguida disparar para a rua, cabeça grudada no peito, pés arrastando, braços colados ao corpo, demonstrando como não deve ser a marcha do idoso. Em seguida, ergueu o pescoço, balançou os braços, saiu a andar elegantemente para demonstrar como deve ser. 
 
Fabiane Leite - O Estado de S.Paulo

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

Como funciona a Universidade Aberta para a 3a. idade?

Em vários países, inclusive no Brasil, a Universidade tem desempenhado essa função por meio de programas voltados para a educação permanente de adultos maduros e idosos, normalmente denominados “Universidade Aberta à Terceira Idade”. Tendo como pressuposto a noção de que a atividade promove a saúde, o bem-estar psicológico e social e a cidadania dessa clientela genericamente chamada de terceira idade, esses programas oferecem oportunidades para participação em atividades intelectuais, físicas e sociais.

A inclusão dos mais velhos nesses locais tem servido de espaço para rico contato intergeracional e de revisão de crenças e atitudes acerca da velhice, ao demonstrar que é possível aprender e se desenvolver durante a última etapa do ciclo vital.

A Universidade de São Paulo estruturou o projeto Universidade Aberta à Terceira Idade em 1993. O programa atualmente é desenvolvido em todos os campi e unidades da USP: em São Paulo, na Cidade Universitária e na Escola de Artes, Ciências e Humanidades; em Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos.

As atividades acontecem por meio de de oficinas, palestras e disciplinas dos cursos de graduação oferecidas semestralmente. As pessoas podem selecionar as atividades de seu interesse, tais como:

Oficinas: atividade que busca através da troca de experiências e conhecimentos entre seus participantes, um envelhecimento bem-sucedido. Sua realização é semanal com início na segunda quinzena de março e término na primeira quinzena de junho. Compreende os seguintes grupos: Conheça seus direitos e participe: quem se informa, transforma; Ateliê de Arte e Criatividade; Educação Alimentar; Ações para Prevenção de Quedas de Idosos; No caminho da Prevenção de Doenças: o Cuidado com a minha Saúde; Conversando com quem gosta de conversar; Grupo de Crescimento Pessoal; Viver bem com qualidade de Vida; E a família, como vai?

Palestras: atividade para a promoção da saúde, realizada no mês de maio. Compreende os seguintes temas: Saúde e gestão de risco no envelhecimento; Sono na terceira idade; Dor facial e de cabeça no idoso.
Disciplinas da graduação: é destinada para pessoas que possuem no mínimo o ensino médio completo. Os interessados poderão escolher as seguintes disciplinas que tem início em março e término em junho: Processos Psicológicos Básicos para Gerontologia; Processos Patológicos do Envelhecimento II; Metodologia da Pesquisa em Lazer e Turismo I; Reflexões sobre o lazer e turismo I; Ética; Teorias da Democracia; Ciclo de Vida; Introdução ao Estudo das Políticas Públicas I.

Podem participar dos cursos pessoas com idade a partir de 60 anos. Para matricular-se nas oficinas e palestras, não se exige a apresentação de diplomas ou certificados de escolaridade concluída anteriormente.
Para chegar à USP Leste pode-se pegar o trem da CPTM, Linha F Estação USP Leste, que é praticamente dentro da Universidade



Informações extraidas do Site da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo - USP
Sinta-se em casa e deixe seu comentário.