setembro 14, 2009

Especialista mostra os desafios para a geração que chega à meia-idade

LONGEVIDADE

Não é apenas a internet - e outros produtos das novas tecnologias - que exige grandes esforços de adaptação dos adultos de meia idade. Transformações profissionais, financeiras, sociais e humanas não dão margem para fugas. Segundo o doutor em Novas Tecnologias da Comunicação pela USP, José Manuel Moran, a meia idade experimenta as dificuldades das mudanças atuais como na adolescência. Encarar esse desafio como um estímulo ou um fator desanimador é uma escolha pessoal.

Segundo Moran, tanto jovens quanto os mais velhos sofrem influências parecidas da família, entre os amigos e colegas de trabalho, e da mídia. Ambos sonham e lutam para realizar os desejos. Só que, enquanto os adolescentes têm como vantagem a curiosidade por nunca terem experimentado a maior parte de seus sonhos, "os adultos de meia idade já passaram por muitas frustrações, viram fantasias se desfazer e já realizaram muito também", diz Moran. Ele próprio, aposentado do cargo de professor da Universidade de São Paulo, experimenta as pressões para não parar de trabalhar e se atualizar na profissão.

E, por isso, luta para se desfazer das frustrações do passado, antes de pensar o futuro. Diz que, para quem ainda tem metade de uma vida pela frente e quer seguir adiante, é preciso aceitar não só as conquistas do passado mas também o que ficou mal-resolvido e não se pode mudar. "É preciso entender que cada um faz o possível dentro das condições em que vive", diz Moran. Ao aprender a valorizar a trajetória pessoal, ele incorporou o desejo de procurar novas possibilidades e se realizar.

Mas, como buscar alternativas? "Antigamente, parecia tão mais fácil!", suspira Moran. Emprego e família se mantinham durante toda a vida. "Meus pais diziam, no tempo deles, que casamento era loteria", completa. Sorte ou azar, não havia como mudar o prêmio, só trabalhar o que já se tinha. "Hoje, há um universo de possibilidades. E, por isso, até encontrar saídas pode se tornar um problema, pois fica difícil tomar decisões", lembra.

E explica: "muitas pessoas, influenciadas pelas possibilidades mostradas na mídia e em outros meios, simplesmente imitam o que gostariam que fosse parte de sua vida, sem refletir o porque daquele desejo. Acham que se repetirem aquilo que vêem na televisão ou na casa de um amigo, estarão melhorando suas vidas", questiona José Manuel. Na opinião dele, as pessoas devem aceitar que sua realidade não é a mesma do personagem da novela ou do conhecido. "Precisam conhecer sua história e seus desejos e encontrar saídas que dêem sentido a sua própria trajetória", diz Moran.

Por isso, é preciso parar um pouco a correria do dia-a-dia e prestar atenção em si mesmo, nas pessoas com quem se relaciona, no tipo de pensamento que aparece involuntariamente, nas reações que o corpo produz. E a meia idade é a fase ideal para isso. É claro que vale buscar ferramentas como livros, cursos, diálogos, grupos de ajuda mútua, psicoterapia. Mas não esperar encontrar a saída no que são apenas instrumentos para o aprendizado. "Só com muito esforço o interior consegue acompanhar e aceitar as mudanças exteriores", conclui Moran, indicando o que acredita ser a chave para o bem estar.


Saiba mais sobre o trabalho de professor José Manuel Moran:
http://www.eca.usp.br/prof/moran/index.htm

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